Ninguém manda, mas todos obedecem!

“Você precisa postar 10 stories por dia, um reels e um carrossel com um vídeo e 7 posts”. Essa foi a orientação que recebi de uma querida amiga e experiente no chamado marketing digital, assim que comecei a colocar vídeos no Instagram manifestando minhas ideias. No mesmo momento em que ouvia aquilo, já me dizia: “Isso é impossível”.

Nunca fui aquela pessoa de ler manuais, artigos ou livros contendo os 10 passos para…

Sou estratégico, trabalho com estratégia, mas atuo muito mais na macro do que na micro estratégia. Meus vídeos são orgânicos em todos os sentidos. Estou em um lugar e quando me encanto a ponto de não poder conter minha admiração, compartilho. Estou lendo algo ou pensando em algo que gera uma percepção mais interessante, penso em compartilhar para fazer sentido para alguém. Sou orgânico, intuitivo sem deixar de ser estratégico. Só não sou mecânico. Já segui muitas regras, hoje o essencialismo me trouxe uma diminuição delas para respirar, amar a vida, respeitar o ambiente (seres e coisas), aprender, contemplar, sentir e me auto conhecer.  O restante é derivação.

Assim como aquela minha amiga muito competente e bem intencionada me deu um algoritmo para o sucesso, o mundo está cheio de regras para ele.

A frase de Rousseau :“Ninguém manda, mas todos obedecem” nunca foi tão atual.

E de onde vem essa tentativa de gerar disrupção e exponencialização, duas palavras que representam a busca pelo espaço ao sol, onde seremos reconhecidos, valorizados e poderemos ter a vida que almejamos?

Lugar de valor na indústria do capitalismo digital?

Eu diria que mais uma vez o diferente foi absorvido pelo sistema, que fez dele um novo padrão.

Nas mentorias que faço, algumas pessoas me dizem: “eu não quero crescer, pelo menos não demais, a tal ponto que perca minha qualidade de vida”.

É o outro lado dessa moeda. Quero participar do jogo, mas não quero me viciar nele.

Estamos todos tentando encontrar o caminho de lidar com os algoritmos que determinam o que vemos e para quem aparecemos, de ser consumidor e produto ao mesmo tempo, de usar e sermos usados na mesma ação. No mundo ditado pela programação de dados, até as opiniões viraram linguagem binária. Ou você é contra ou é a favor. O caminho do meio, tão interessante e explicado no budismo está se desintegrando pelas bolhas que afirmam e reforçam posições extremas, geralmente contra alguma coisa.

Esse mundo ficou complicado e seguimos, para o bem dos negócios ou a certeza das convicções, mesmo frágeis, tentando nos manter produtivos e saudáveis.

Bem, eu não segui o conselho de minha amiga e continuei sendo eu mesmo, inseguro, incerto, ineficiente, mas não infeliz. Sou feliz com a riqueza humana que descobri no espaço digital que transito. Com as ideias que me fazem entender que existem pessoas que não pensam como eu, mas são capazes de pensar juntos pelo prazer e sabor de refletir sobre a vida fora dos algoritmos e regras. Aqui ninguém manda e ninguém obedece. Não existem regras. No máximo, sugestões.

Não sei se isso é disruptivo, ou está gerando exponecialidade, mas dentro de minha mente e acredito na mente de muita gente, há sinapses disruptivas e exponenciais que se ampliam no horizonte do livre pensar.

Como diz a filósofa Martina Garcés : “pensar por si mesmo, não seria o objetivo final da emancipação, mas uma prática constante de transformação.”

Costumo dizer que é bom levar as ideias para passear.

Estamos nessa viagem, nos transformando através delas, de forma livre, divertida e não menos profunda do que a nossa complexidade que vai muito além dos algoritmos e suas regras.

Boa viagem e gratidão pela companhia!