Essa história de “viver de si” sempre esteve presente na minha cabeça, mas ganhou força definitiva quando fui demitido e precisei seguir meu próprio caminho.
Na época, estava fazendo um excelente trabalho, batendo metas e entregando bons resultados. Talvez você já tenha vivido algo parecido ou vá viver: você é um profissional experiente, com salário considerado alto, e de repente a empresa precisa cortar custos, muitas vezes sem perceber que, ao fazer isso, também corta valor estratégico.
Quando fui demitido, tinha 50 anos, e o conceito de “viver de si” ainda era um plano para o futuro—um futuro próximo, porém confortável e distante o suficiente para ser apenas uma ideia segura. Foi um susto enorme e, junto com ele, veio um sentimento complicado de descarte e perda de valor pessoal e profissional. Quem já passou por isso sabe bem como é esse misto de emoções confusas, vulnerabilidade, liberdade e perguntas sem respostas claras.
Mas foi justamente nesse momento difícil que parei para refletir profundamente sobre o que eu realmente queria. Resolvi não participar mais de entrevistas de emprego e decidi criar algo mais autoral, mais alinhado com meus valores pessoais e com a cultura em que acredito. Abri, então, minha empresa de consultoria estratégica, decidindo conscientemente assumir a origem e o jeito de obter minhas receitas.
Desde então, “viver de si” deixou de ser uma frase bonita ou um conceito abstrato e se tornou algo muito real e presente. Virou uma reflexão constante sobre como conduzo minha trajetória, lembrando sempre que sou o único responsável pela autenticidade das minhas escolhas e pelo impacto que gero no mundo.
Vivemos em um mundo saturado por influências externas e promessas rápidas de sucesso. Fórmulas mágicas aparecem diariamente e, apesar de algumas poderem ser úteis, raramente garantem autenticidade e realização verdadeira.
A razão é simples: ninguém viveu exatamente suas experiências. Ninguém conhece tão bem suas dores, suas alegrias e seus aprendizados.
Por isso, a verdadeira riqueza, o maior tesouro, está mesmo dentro de cada um de nós.
Com base no que aprendi na minha jornada e no que observo nas minhas consultorias e mentorias, quero compartilhar alguns caminhos práticos que funcionaram para mim e talvez possam ajudar você também:
- Autoconhecimento (Conhecer-se Melhor) Autoconhecimento não precisa ser algo complicado, mas exige coragem e sinceridade. Significa encarar nossos medos, entender nossos limites e reconhecer nossas qualidades. Escrever sobre minhas experiências, especialmente as mais difíceis, me ajudou muito a clarear a mente e a perceber o quanto cada momento foi importante para minha evolução pessoal. Como Jung dizia, nossa vida é uma jornada única de autorrealização—eu acredito plenamente nisso.
- Auto-liderança (Liderar a si mesmo) Auto-liderança é assumir o controle da própria vida antes mesmo de tentar liderar os outros. Treinar disciplina em diversas áreas, como esportes, hobbies e mesmo nas pequenas atividades do dia a dia, reforça nossa auto-liderança e, consequentemente, a liderança dos nossos projetos profissionais. É um músculo que estará preparado porque se exercita como uma forma de ser e não apenas como um recurso para determinado momento ou foco.
- Visão Estratégica Pessoal Desenvolver uma visão estratégica é saber olhar o mercado, as oportunidades e ameaças. Unir o autoconhecimento à visão estratégica é a melhor e única maneira de aproveitar ao máximo nosso potencial e minimizar os riscos. Vou falar muitas vezes aqui sobre visão estratégica, e você poderá entender e praticar melhor essa importante competência.
- Decidir Ser Feliz Ser feliz não depende de circunstâncias perfeitas; é uma decisão consciente diária de valorizar os pequenos bons momentos e cultivar gratidão. Um estudo da Universidade da Califórnia mostrou que manter um diário de gratidão aumenta significativamente a felicidade e reduz o estresse. Felicidade não é um fim, mas uma matéria-prima fundamental para o sucesso. Não é tendo sucesso que se é feliz, mas sendo feliz é que se tem sucesso. E felicidade tornará viver de si mais confortável, mesmo no desconforto, além de gerar o prazer necessário para amar o que faz e fazer bem.
IKIGAI
Sugiro que conheça e faça o seu IKIGAI, uma técnica japonesa que nos mostra o sentido da vida. Ela surge quando fazemos o que amamos, somos bons nisso, podemos ser remunerados por essa atividade e transformamos o mundo a partir dela. Viver de si precisa ser um IKIGAI.
Desejo que você encontre o seu “viver de si”, porque o mundo caminha cada vez mais para a iniciativa individual conectada a ecossistemas de valor que se modificam e se retroalimentam. Mas isso é uma outra história, que ficará para outro texto.
